domingo, 10 de abril de 2011

Dedos gélidos



(Imagem: Espelho; Autor desconhecido)


Os gélidos dedos da noite
Tocam minha pele pura,
Destilam o pensar vazio
Detém a vida que passa.

Por ruas sujas caminho
Sem saber qual é o vetor,
Amiúde se vai o destino
Por entre labiríntico torpor.

A luz me cega os olhos,
Que vagam no deserto
Fitam amigos ilusórios
De meu mundo irrequieto.

Quem é esse que me olha,
Que reprova minhas ações,
Que se esconde no negrume,
Se desviando desse lume
Por fastias sensações?

Reconheço esses olhos,
Esse corpo em pleno açoite,
O pensar que se perdeu,
Este a me julgar sou eu.
Tocado pelos dedos da noite.





Rio de Janeiro, 20 de junho de 2010.

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