domingo, 17 de abril de 2011

Cantigas de sereias





Chegava o poeta das terras áridas,
Não cabiam nele os frutos da arte,
Por onde fosse a qualquer parte
Cantava seus sonhos em versos.
Em notas, bradava o excesso
Da tristeza que lhe enchia o peito.

Era como o amor-perfeito
Despetalado na primavera.
Nutria em sua alma quimeras,
Amargava o coração com saudades,
Nem sempre havia a vontade
De ver despedaçadas as pétalas.

Como já dito era poeta!
E como tal vivia entre dúvidas
De viver em noites dúbias,
Ou volver ao seio amado?
O pensar voava abrasado
Fustigado em fedo tormento.

Restava-lhe somente o lamento
Entre as cores dos tons menores.
Tão-somente em meio às vozes
Das cantigas de sereias
Quais cantavam nas areias.
De seu castelo destruído.



Rio de Janeiro, 14 de abril de 2011.

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