terça-feira, 27 de março de 2012

A aranha


Imagem: A aranha, autor desconhecido.


Entre o silêncio da noite de voz abafada,
Surge ao pensamento o enlace da mortalha,
Nada é singelo tudo se faz agudo
Pérfido sentido se faz mais que obtuso.

Do cenário estático povoado por lembranças
Tudo se faz tácito como o fim da esperança
Sua companhia devota-me um aracnídeo,
Pequeno e frágil, bem como o hominídeo.

Encara-me oito olhos todos eles de uma vez
Todos muitos sóbrios, transbordando sensatez.
Fita este ser que se prende a tua parede,
Vedes como o é sequioso por dizer-te.

Sabes quem sou eu, a tecer teia penosa?
Um pedaço seu, conferindo a estas cordas
Imagens que hoje não te resta a visão,
Sou eu parte de ti e me chamo solidão

Diz-me então de súbito, do alto de sua teia,
Não tens dá vida o júbilo, trazes dor em tua veia.
Voltando a tecer suas fibras ilusórias,
Onde rendilha as máculas da memória.




2 comentários:

  1. seu blog é muito interessante pelas ideias impressas em cada verso e pela magnititude da sua veia poética tão contundente e arrebatadora. ZZ

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    1. Obrigado Zaymond, também sou um admirador de sua escrita no recanto. Grande abraço.

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